A literatura brasileira é muito rica em passagens envolvendo sexo e o BDSM na literatura não é novidade. Desde os delicados braços das musas de Machado de Assis até o sexo cru e violentamente perfumado dos naturalistas, o que não faltam são exemplos de cenas delicadas e áridas envolvendo toda sorte de fetiches, perversões, parafilias e todas essas coisas deliciosas que amamos.
Folheando o livro “Antologia da poesia erótica brasileira” organizado pela Eliane Robert Moraes, caí exatamente numa poesia do Dalton Trevisan, e num trecho que não deixa dúvidas do seu viés sadomasoquista. Temos claramente literatura BDSM em poesia que o autor chamou de “Cantares de Sulamita“. Vamos a alguns trechos:
BDSM na poesia
(…)
me desnude diante do espelho
me arrume em pé dentro do armário
me ponha de quatro
me faça de carneirinha viciosa do bruto pastor
me violente sem dó com firmeza
só isso mais nada
(…)
Este trecho mostra um início de sessão BDSM, provavelmente, uma inspeção seguida de ordens relacionadas a postura e atividades para serem cumpridas, terminando com um ato sexual violento.
E o autor continua, enfatizando a situação de entrega total da suposta submissa e protagonista do poema:
(…)
ai quero te dar até o que não tenho
amado meu santuário meu
quero ser a tua cadelinha mais gostosa
como nunca terá igual
serei vagabunda eu juro
todas as posições diferentes
todos os gemidos gritos palavrões
todas as preces atendidas
(…)
Esta poesia merece ser lida inteira, além de ser formalmente impecável consegue construir com termos muito comuns no universo BDSM um texto facilmente compreendido por pessoas que não tem nenhuma ligação mais teórica com práticas sexuais ligadas ao Sadomasoquismo.
Recomendamos a leitura do livro “Antologia da poesia erótica brasileira“e e toda a obra do Dalton Trevisan. E nossa série “Diário de uma dominadora” mostra um pouco a aplicação destas regras do universo BDSM contando a história de uma submissa entregue para ser treinada por uma dominadora, você pode ver no nosso canal Fetishboxxx.